sexta-feira, 16 de maio de 2014

Christine: o livro, o filme, e a minha visão


Terça-feira, beirando às 21h38min, minha namorada me ligou para buscá-la no curso, pois saíra mais cedo.  Eu temia ser mais tarde, porém ao receber a ligação naquela hora, dei os ombros à baixo, relaxado, pois não teria de esperar muito. Botei um casaco, peguei a chave, e da garagem pus a fubica à “motorar”. Noite fria, o céu era fosco e sujo, típico início de inverno, e sem nenhum carro na estrada de começo. Ligando o rádio, pus tocar a trilha sonora do filme Christine, composta pelo diretor John Carpenter. Um som triste e melancólico de início, depois o suspense começa. Quase nenhum carro na faixa indo em direção à Taquara e o momento mais diabólico, assim dizendo, foi na parte da música onde no filme, Christine ascende seus faróis altos e começa a perseguição.  Foi uma sensação tão boa e maléfica, a mesma que sentira após assistir Laranja Mecânica, me deixando sádico e perverso, como o personagem, por alguns instantes. Confesso que senti isso, e logo em seguida, percebendo a insanidade fluindo em minha mente, mudei para algo mais calmo e moderno. Sem ser aquele “maldito Rock N’ Roll dos anos 50” – segundo Leigh Cabot.
Busquei-a ao som de Gnarls Barkley, porém, a primeira faixa do álbum The Odd Couple, me fez lembrar-se de Christine, pois a música tinha um fundinho sonoro semelhante a “Harlem Nocture” dos Viscounts, trilha usada na cena “Show Me”. E a sensação boa e maligna retorna, porém bem menos com força, sendo assim, voltando para casa, indo em direção à cama, pois não é fácil levantar todo dia às 4 da manhã.



Baseado na obra de mesmo nome, do escritor Stephen King, o filme é mais um ícone da nostalgia dos “divertidos anos 80”, fazendo lembrar-se dos bons tempos de Cinema em Casa. Filmes de terror eram exibidos em horário nobre, sem censura, sem cortes de cenas, quase sempre depois do Chaves.
Fãs do escritor, ou quem pelo menos leu o livro, não gostaram nenhum pouco do que viram. As grandes diferenças, tanto no enredo, quanto na característica dos elementos, cria uma série de discussões e críticas maldosas em relação ao ato do diretor John Carpenter. Tentei entrar em contato com ele, pelo Facebook, creio que dialoguei com algum agente dele ou um fã alucinado por fakes de redes sociais. O sujeito em questão me falou da sua visão em relação ao filme e afirmou não ter tido a menor lógica “colocar um cadáver no banco do passageiro”. Depois de saber que um filme baseado numa história é o ponto de vista do diretor, comecei a entender as mudanças, não só em Christine, mas em várias outras adaptações. A partir daí criou-se em minha mente uma nova versão de Christine que poderia ser feita. Se fossemos seguir o livro, seria mais convincente um seriado para tratar melhor os capítulos. O lance remake, duns anos pra cá, foi como a febre de dublar filmes para “Deu a louca...”, e como tem títulos assim... Enfim, um novo filme de Christine seria boa ideia, seguindo elementos básicos como o nome da cidade, as feições dos personagens e a existência de personagens fundamentais da história (coisa que John não foi capaz). Assisti o making of do filme e vi as cenas deletadas, realmente seriam fundamentais para complementar o filme. Principalmente a cena em que Arnie volta de carona com Dennis, após deixar Christine na Garagem de Darnell, e do nada começa a ter um ataque de choro misturado com raiva, sendo amparado aos braços de seu único amigo. Tanto a cena, quanto ao ler esta parte no livro, fiquei comovido e inquieto com a situação. Tentei me colocar no lugar de Arnie naquela hora de fúria e sofrimento. Esta parte é muita significativa para compreender melhor a mudança de comportamento do personagem ao longo do filme. Infelizmente, Carpenter não teve esse senso para isso.

Fonte: Google
Agora, a minha versão. Em vez de cadáveres, carros possuídos, e mortes inexplicáveis pelos céticos, o filme poderia ter uma personalidade semelhante ao Cisne Negro ou outros filmes que iludem o telespectador e os próprios personagens, e ao longo da história, não passou de uma alucinação feita pela mente. No caso de Arnie Cunningham, não era o carro que se possuía e matava os outros, mas sim, o próprio Arnie que cometia os crimes. Por se sentir inseguro, indefeso e um tanto ingênuo, típica referência a bullying de nerd; o carro lhe traz sensação oposta, dando lhe confiança e o tornaria outra pessoa por trás do volante. Arnie muda seu comportamento gradativamente devido a obsessão pelo Plymouth Fury 58.

Bom, agora chegando ao ápice deste artigo, nenhum filme pode seguir todo enredo do livro, pois nunca haveria concordância. Sempre haverá aquele bando de xiitas que falam: “O livro é melhor”. Aliás, se basear em algo é tornar aquilo como base para a construção do filme, sendo assim, não sairia nenhuma tentativa de cópia. Posso estar errado disso (e espero que sim), mas muito poucos têm esse tipo de visão alternativa em relação a filmes baseado em obras, ou até mesmo, os tais remakes. Incluindo o clássico grupo que sofre a “Síndrome Nostálgica”, sempre afirmando que o antigo sempre é melhor. Mas este será um assunto para um próximo artigo.

Obrigado.

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a Classic Vídeo Locadora, da cidade de Parobé. Por seu prestígio em disponibilizar grandes clássicos e derivados ícones da nostalgia.

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